' Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado.'
— Karl Marx
Há uma conexão interessante entre essa passagem de Karl Marx e conceitos presentes nas filosofias de Schopenhauer e Espinosa, apesar de suas abordagens e focos serem diferentes.
Relação com Schopenhauer
Schopenhauer, em O Mundo como Vontade e Representação, argumenta que a vontade é uma força irracional e impessoal que governa a existência humana. Os indivíduos acreditam que são agentes racionais e autônomos, mas na realidade estão submetidos a essa vontade cósmica incontrolável. Isso ecoa a ideia de Marx de que os homens não fazem a história como bem entendem, pois estão sujeitos a condições estruturais legadas pelo passado, que fogem ao seu controle, funcionando quase como uma "força" (embora material e histórica, no caso de Marx).
Relação com Espinosa
Espinosa, em sua Ética, propõe uma visão determinista do mundo, onde tudo ocorre segundo a ordem necessária da natureza. Os homens acreditam ser livres, mas na verdade suas ações estão determinadas por causas naturais e pelas condições que os cercam. Para Espinosa, a liberdade verdadeira é o conhecimento dessa necessidade. A ideia de Marx de que os homens fazem a história sob circunstâncias herdadas do passado dialoga com a noção espinosana de que os indivíduos agem dentro de um sistema causal que determina suas possibilidades.
Conclusão
Embora Schopenhauer, Espinosa e Marx tenham bases filosóficas distintas (metafísica irracionalista, racionalismo determinista e materialismo histórico, respectivamente), todos parecem convergir na crítica à ideia de liberdade absoluta do indivíduo. Reconhecem que há forças — sejam naturais, históricas ou metafísicas — que limitam a autonomia humana. Marx traduz isso para uma perspectiva histórico-materialista, enquanto Schopenhauer e Espinosa se movem no campo mais metafísico.
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