Olha o teatro de novo, meu caro. O deputado Hugo Motta sinaliza que vai pautar a urgência da anistia, mas o Centrão já deixou seu recado: só entra em campo se levar junto a tal “PEC da Blindagem”. O que isso significa? Simples: troca de favores na veia.
Não é de hoje que a pauta da anistia dos presos de 8 de janeiro virou moeda de barganha. Se houvesse real interesse em fazer justiça — justiça de verdade, não esse tribunal de exceção montado contra manifestantes — a anistia já estaria votada e sacramentada. Mas não, virou mercadoria no balcão do Congresso. A liberdade de centenas de brasileiros hoje depende da conveniência de caciques políticos, não da verdade dos fatos.
O Centrão joga pesado: não se move por princípios, mas por autopreservação. Quer blindagem contra investigações, quer garantir foro, quer se proteger do sistema que hoje serve, mas que amanhã pode engolir qualquer um deles. Então a troca é clara: vocês dão a nossa blindagem, nós damos a anistia.
E aqui está o ponto que incomoda: nunca foi pelos presos do 8 de janeiro. Eles são apenas peça de negociação, usados como moeda para comprar a tranquilidade de deputados e senadores. O povo que acreditou estar defendendo a pátria virou escada para um jogo de poder que não liga para quem está mofando na cadeia, longe da família, enquanto criminosos de colarinho branco seguem soltos.
Olavo de Carvalho dizia que “no Brasil, tudo que parece luta de ideias é, no fundo, briga de quadrilhas por espaço no butim”. Não dá para resumir melhor o que estamos vendo. O discurso bonito da “anistia pela democracia” é só máscara para o verdadeiro negócio: autopreservação do sistema.
Portanto, a resposta é: sim, teremos troca de favores. E não, não é pelos presos do 8/1. É pelo velho instinto da classe política de salvar a própria pele.
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